Começaremos, por Vidas Secas, uma série de resumos gerais dos livros da Fuvest.
Continuaremos, posteriormente, com postagens ainda não definidas, uma série de resumos por capítulo.
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Obra "Os Retirantes" de Cândido Portinari |
Graciliano Ramos, autor da obra, é da segunda geração modernista, classificado como neorrealista, uma vez que a denúncia social é seu ponto mais forte.
O livro é dado de forma curta e direta, numa linguagem seca. Graciliano conta, em uma carta, que o livro é fruto de uma história de seus avós e tios, baseado num conto primeiro, o capítulo 9, que conta a morte da Baleia.
Vidas Secas é uma narração acerca do drama de uma família de retirantes.
O foco narrativo é de terceira pessoa, com NARRADOR ONISCIENTE (o narrador não só conhece Fabiano, como busco dentro dele seus pensamentos, medos e frustrações), sendo o único romance em terceira pessoa escrito pelo autor.
Abundância de discursos indiretos livres.
São dois tempos narrativos, o que os traz a fazenda e o que os leva ao sul.
Passa-se no sertão nordestino, compreendendo-se em qualquer local que leve a seca.
As personagens são de poucas palavras. Falam pouco, são rudes demais pra se exprimirem na forma de fala. Expressam-se como bichos: resmungam, usam interjeições, gestos.
Observa-se na obra: Marginalização do sertanejo, sujeição do homem pelo homem, incomunicabilidade com os opressores, solidão dos seres, miséria, zoomorficação (figura de linguagem que aproxima o e descreve o comportamento do ser humano com o de um animal, o ser humano tratado como bicho - analisaremos o mesmo ponto na obra 'O Cortiço' de Aloísio de Azevedo.
Resumo
A narrativa começa no capítulo 'Mudança', no qual a família de sertanejos nordestinos afetados pela seca - Fabiano, Sinhá Vitória, dois filhos, tratados por menino mais velho e menino mais novo e a cachorra Baleia, tida por integrante - migra à procura de um lugar para recomeçar suas vidas. Durante o caminho, a família senta para descansar perto do rio e Sinhá Vitória acaba por matar o papagaio que os acompanhva e se justifica dizendo que o papagaio sequer sabia falar direito. depois do descanso a família caminha até uma fazenda abandonada e buscam abrigo quando começa a chover, tempo depois aparecem o dono, e futuro patrão de Fabiano, que quer expulsá-los de lá. Fabiano apresenta-se como vaqueiro e convence o dono da casa a dar-lhe emprego e o patrão lhe fornece os instrumentos de marcar gado e a família passa a viver na fazenda.
Ao receber o salário de seu patrão e embasando-se nas contas de Sinhá Vitória (que as fazia utilizando sementes, já que Fabiano não sabia ler e dizia-se bruto) percebe que está sendo furtado, reclama, ouve explicações de que se tratava de juros, mas ainda assim, aceita as contas do patrão.
"Fabiano voltou à cidade, mas ao fechar o negócio notou que as operações de Sinhá Vitória, como de costume, diferiam das do patrão. Reclamou e obteve a explicação habitual: a diferença era proveniente de juros."
"Não se conformou: devia haver engano. Ele era bruto, sim senhor, via-se perfeitamente que era bruto, mas a mulher tinha miolo."
"O patrão zangou-se, repeliu a insolência, achou bom que o vaqueiro fosse procurar serviço noutra fazenda. Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou."
Um dia, vai à feira, e um "soldado amarelo" com intenções de furtar Fabiano o convida a jogar trinta-e-um.
Ao perder o dinheiro, resmunga e é preso. Mais a frente numa discussão com Sinhá Vitória sobre dinheiro ela reclama do gasto na bebida e jogatina e ele comenta sobre um sapato comprado por ela usado para ir à festa de Natal, que teria sido mais do que ele gastara além de fazê-lá andar "como um papagaio", segundo Fabiano; o que a faz relembrar o outro animal da família.
O filho mais novo tem uma enorme admiração pelo pai e acaba por imitá-lo, a fim de seguir seus passos.
O mais velho distancia-se desses passos, é mais inquieto, e diante de uma situação, ouve de Sinhá Terta (que fora no dia anterior "curar com reza a espinhela de Fabiano") a palavra "inferno". Ao questionar os pais sobre tal palavra, os irrita e leva alguns cascudos.
"Ele nunca tinha ouvido falar em inferno."
"[...]foi pendurar-se à saia da mãe: - Como é? Sinhá Vitória falou em espetos quentes e fogueiras. - A senhora viu? Aí Sinhá Vitória se zangou e achou-o insolente e aplicou-lhe o cocorote"
"Como não sabia falar direito, o menino balbuciava expressões complicadas, repetia as sílabas, imitava os berros dos animais, o barulho do ventre, o som dos galhos que rangiam na catinga, roçando-se. Agora tinha tido a ideia de aprender uma palavra, com certeza importante porque figurava na conversa de Sinhá Terta."Há no romance uma personagem que não atua, apenas é citada com frequência. seu Tomás da bolandeira¹. Seu Tomás é ex-patrão de Fabiano, homem bom e educado. Sinhá Vitória sonha com uma cama de couro como a de Seu Tomás da bolandeira.
O capítulo 9, já quase no fechamento da história, trata na morte da Baleia, acometida por uma doença e sacrificada, o que gera crises psicológicas nas personagens que a consideravam parte de sua família.
Já caminhando ao fechamento da obra Fabiano tem a chance de matar o soldado amarelo, quando o vê perdido na mata de catingueiras, mas desiste afirma que "Governo é Governo" e recua. Fabiano é homem bom.
O capítulo "Fuga" fecha a narrativa, com uma nova migração dos sertanejos, dessa vez para o sul onde há a esperança de um futuro melhor. Ou seja, o livro termina como começa, com a família fugindo da seca.
"E andavam para o sul, metidos naquele sonho. Uma cidade grande, cheia de pessoas fortes. Os meninos em escolas, aprendendo coisas difíceis e necessárias."¹ bolandeira: grande roda dentada (puxada por animais) do engenho do açúcar.
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