terça-feira, 2 de outubro de 2012

Vidas Secas - Resumo

Começaremos, por Vidas Secas, uma série de resumos gerais dos livros da Fuvest.
Continuaremos, posteriormente, com postagens ainda não definidas, uma série de resumos por capítulo.
Obra "Os Retirantes" de Cândido Portinari
Graciliano Ramos, autor da obra, é da segunda geração modernista, classificado como neorrealista, uma vez que a denúncia social é seu ponto mais forte.
O livro é dado de forma curta e direta, numa linguagem seca. Graciliano conta, em uma carta, que o livro é fruto de uma história de seus avós e tios, baseado num conto primeiro, o capítulo 9, que conta a morte da Baleia.

Vidas Secas é uma narração acerca do drama de uma família de retirantes.
O foco narrativo é de terceira pessoa, com NARRADOR ONISCIENTE (o narrador não só conhece Fabiano, como busco dentro dele seus pensamentos, medos e frustrações), sendo o  único romance em terceira pessoa escrito pelo autor.
Abundância de discursos indiretos livres.
São dois tempos narrativos, o que os traz a fazenda e o que os leva ao sul.
Passa-se no sertão nordestino, compreendendo-se em qualquer local que leve a seca.
As personagens são de poucas palavras. Falam pouco, são rudes demais pra se exprimirem na forma de fala. Expressam-se como bichos: resmungam, usam interjeições, gestos. 
Observa-se na obra: Marginalização do sertanejo, sujeição do homem pelo homem, incomunicabilidade com os opressores, solidão dos seres, miséria, zoomorficação (figura de linguagem que aproxima o e descreve o comportamento do ser humano com o de um animal, o ser humano tratado como bicho - analisaremos o mesmo ponto na obra 'O Cortiço' de Aloísio de Azevedo. 

Resumo

A narrativa começa no capítulo 'Mudança', no qual a família de sertanejos nordestinos afetados pela seca - Fabiano, Sinhá Vitória, dois filhos, tratados por menino mais velho e menino mais novo e a cachorra Baleia, tida por integrante - migra à procura de um lugar para recomeçar suas vidas. Durante o caminho, a família senta para descansar perto do rio e Sinhá Vitória acaba por matar o papagaio que os acompanhva e se justifica dizendo que o papagaio sequer sabia falar direito. depois do descanso a  família caminha até uma fazenda abandonada e buscam abrigo quando começa a chover, tempo depois aparecem o dono, e futuro patrão de Fabiano, que quer expulsá-los de lá. Fabiano apresenta-se como vaqueiro e convence o dono da casa a dar-lhe emprego e o patrão lhe fornece os instrumentos de marcar gado e a família passa a viver na fazenda.
Ao receber o salário de seu patrão e embasando-se nas contas de Sinhá Vitória (que as fazia utilizando sementes, já que Fabiano não sabia ler e dizia-se bruto) percebe que está sendo furtado, reclama, ouve explicações de que se tratava de juros, mas ainda assim, aceita as contas do patrão.
"Fabiano voltou à cidade, mas ao fechar o negócio notou que as operações de Sinhá Vitória, como de costume, diferiam das do patrão. Reclamou e obteve a explicação habitual: a diferença era proveniente de juros."
"Não se conformou: devia haver engano. Ele era bruto, sim senhor, via-se perfeitamente que era bruto, mas a mulher tinha miolo."
"O patrão zangou-se, repeliu a insolência, achou bom que o vaqueiro fosse procurar serviço noutra fazenda. Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou."
Um dia, vai à feira, e um "soldado amarelo" com intenções de furtar Fabiano o convida a jogar trinta-e-um.
Ao perder o dinheiro, resmunga e é preso. Mais a frente numa discussão com Sinhá Vitória sobre dinheiro ela reclama do gasto na bebida e jogatina e ele comenta sobre um sapato comprado por ela usado para ir à festa de Natal, que teria sido mais do que ele gastara além de fazê-lá andar "como um papagaio", segundo Fabiano; o que a faz relembrar o outro animal da família.
O filho mais novo tem uma enorme admiração pelo pai e acaba por imitá-lo, a fim de seguir seus passos.
O mais velho distancia-se desses passos, é mais inquieto, e diante de uma situação, ouve de Sinhá Terta (que fora no dia anterior "curar com reza a espinhela de Fabiano") a palavra "inferno". Ao questionar os pais sobre tal palavra, os irrita e leva alguns cascudos.
"Ele nunca tinha ouvido falar em inferno."
"[...]foi pendurar-se à saia da mãe: - Como é? Sinhá Vitória falou em espetos quentes e fogueiras. - A senhora viu? Aí Sinhá Vitória se zangou e achou-o insolente e aplicou-lhe o cocorote" 
 "Como não sabia falar direito, o menino balbuciava expressões complicadas, repetia as sílabas, imitava os berros dos animais, o barulho do ventre, o som dos galhos que rangiam na catinga, roçando-se. Agora tinha tido a ideia de aprender uma palavra, com certeza importante porque figurava na conversa de Sinhá Terta."
 Há no romance uma personagem que não atua, apenas é citada com frequência. seu Tomás da bolandeira¹. Seu Tomás é ex-patrão de Fabiano, homem bom e educado. Sinhá Vitória sonha com uma cama de couro como a de Seu Tomás da bolandeira.
O capítulo 9, já quase no fechamento da história, trata na morte da Baleia, acometida por uma doença e sacrificada, o que gera crises psicológicas nas personagens que a consideravam parte de sua família.
Já caminhando ao fechamento da obra Fabiano tem a chance de matar o soldado amarelo, quando o vê perdido na mata de catingueiras, mas desiste afirma que "Governo é Governo" e recua. Fabiano é homem bom.
O capítulo "Fuga" fecha a narrativa, com uma nova migração dos sertanejos, dessa vez para o sul onde há a esperança de um futuro melhor. Ou seja, o livro termina como começa, com a família fugindo da seca.
"E andavam para o sul, metidos naquele sonho. Uma cidade grande, cheia de pessoas fortes. Os meninos em escolas, aprendendo coisas difíceis e necessárias."
¹ bolandeira: grande roda dentada (puxada por animais) do engenho do açúcar.

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